A greve dos argumentistas nos Estados Unidos já dura há duas semanas. Até agora apenas as novas séries, isto é, aquelas que tinham estreia prevista para esta temporada, é que tinham sido prejudicadas. Mas uma vez que esta greve não aparenta ter um fim próximo, as consequências podem ser avassaladoras para o mercado televisivo Americano.
Séries diárias como o Daily Show, Tonight Show with Jay Leno e Late night with Conan O'Brien já estão a sofrer as consequências duras de não terem argumentistas para escreverem as piadas. Outras séries como o Lost, Heroes e Grey's Anatomy também serão as principais prejudicadas por esta greve, podendo significar que vão ser canceladas (e no caso da primeira nem chegar a estrear a tão esperada 4ª temporada) caso os argumentistas e os estúdios não cheguem a acordo.
Mas afinal porque estão os argumentistas de pé tão fincado a lutar contra os estúdios, numa guerra que poderá significar a perda de milhões de dólares para a indústria televisiva Americana? Interessa perceber as suas razões, até porque de certa forma todos nós, os consumidores, estamos envolvidos nisto e somos mesmo os pseudo-causadores desta situação.
A publicidade era até há pouco tempo a principal receita da indústria televisiva. E uma vez que as pessoas para verem os seus programas favoritos tinham de "levar" com a publicidade, este modelo funcionava na perfeição. No entanto, a tecnologia televisiva evoluiu imenso nos últimos anos e agora já é possível gravar episódios automaticamente num disco rígido e depois vermos quando quisermos. Também já é possível comprar episódios na Internet ou ve-los directamente nos sites dos estúdios.
Estas novas formas de acesso ao conteúdo televisivo puseram em questão o modelo baseado na publicidade e fez com que os estúdios procurassem novas formas de receitas, nomeadamente através do pagamento para o acesso a estes conteúdos. E de facto, os estúdios acabam por ganhar mais dinheiro com estas novas formas de acesso, porque chegam directamente ao consumidor.
O problema agora que se põe é que os argumentistas foram deixados para trás juntamente com o antigo modelo de negócio. E agora estes perceberam que também eles têm direito a uma "fatia" desse novo "bolo" que tanto enriquece os estúdios. E uma vez que estes não se entenderam com os estúdios sobre qual a percentagem a que teriam direito, decidiram passar para a greve.
As verdadeiras consequências desta greve ainda estão por se revelar. Vai depender obviamente do tempo que durar, mas uma coisa é certa, os argumentistas estão unidos (o que já não acontecia há alguns anos) e não vão desistir enquanto não virem a sua parte do "verdinho".
Leiam o testemunho directo de Damon Lindelof, o criador e argumentista da série "Lost", no seu artigo de opinião no New York Times, e vejam como até argumentistas deste calibre com tamanha responsabilidade no mundo televisivo estão decididos a levar isto até às últimas consequências.
sexta-feira, novembro 16, 2007
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